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Faculdade de Motricidade Humana – Universidade de Lisboa
3 de Junho de 2017 – 10h-18h

JORNADAS – O MESTRE NU
O mestre nu põe-nos perante uma tensão que se difunde para além de uma simples questão epistemológica. Esta será uma tensão entre a noção de aprendizagem, através de uma hierarquia de poderes e saberes, e a noção de mestre que se desnuda de assunções, sempre indagando e propondo uma aprendizagem experiencial enquanto processo de incorporação próprio do aprendiz. Será então necessário sofrer o frio e o calor para descobrir a necessidade de aquecer, ou basta acreditar naquele que nos diz que a roupa aquece, aceitando essa informação?

O mestre nu, entendido não apenas como um mestre da suspensão, da intuição sensível, do contacto mas também como mestre já sem verdades absolutas, desafia-nos para um debate sobre a necessidade de mediação no acesso ao conhecimento, em tempos em que a informação está “em todo sítio”.

O estado nu do mestre integra a percepção do corpo como central ao conhecimento. Neste âmbito, as ciências cognitivas têm vindo a confirmar aquilo que as artes já vêm experimentando: a percepção motora, sensório-somática e experiencial é a fundação da nossa capacidade de conhecer. Já Merleau-Ponty realça que é da experiência encarnada que decorre o sentido de subjetividade.

Ao desnudar-se, o mestre vem ainda questionar o corpo enquanto fonte e prática de conhecimento, enquanto interface de relações pedagógicas, espaço de reciprocidades, ambiente de encontro e contacto das pessoas entre si, e das pessoas com os seus sabores e saberes. Mas que corpo é esse?

Perante este quadro, toda uma série de outras questões se coloca:

– O que é o saber? Que modos de saber devemos ponderar (um saber informativo, experiencial, intuitivo…)?
– Como partir do corpo sensível como fonte de conhecimento? Se o conhecimento surge enquanto experiência sensório-somática de cada um e se dá nas relações e projeções de cada um, então o que faz o mestre? Como gerar conhecimento em comum? Educar significa guiar, mas como guiar por um caminho que poderá ser qualquer um, mas não um qualquer?
– Como fazer a suspensão de saberes intrínsecos a predefinições culturais e pessoais?
– Quem nomeia ou quem proclama um mestre? Até onde nos poderá conduzir esta aclamação: estamos perante um mestre quando este nos remete para uma dependência imóvel em vez de uma abertura movente? Será o desejo de ter mestres que gera a mestria? Por outro lado, existe mestre sem aprendiz? Que novas disposições e modos de aprendizagem poderemos experimentar?

UMA(S) JORNADAS
O paradoxo destas jornadas reside no facto de que elas só duram um dia (ou seja, uma jornada). Porquê a adopção do plural? A resposta passa pelo facto de que desejavelmente haverá lugar ao desdobramento do tema em cinco “mesas de trabalho” que agregam questões e preocupações complementares.

Participação: por inscrição.
Contactos – Tel: 21 414 9179 | Email: inetmd.fmh@gmail.com.

Programa completo aqui.

Jornadas 2017 cartaz

1 thoughts on “Jornadas – O Mestre Nu

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